A 10 km de Ferreira do Zêzere, seguindo por uma estrada de curvas e contracurvas, por pinhal e eucaliptal, Dornes começa a espreitar por entre as árvores.
As pequenas casas lideradas por uma torre ancestral destacam-se no meio de um cenário natural deslumbrante, característico das encostas e margens do Zêzere.

Naquela língua de terra que entra albufeira adentro, a vida corre lenta. Durante a semana, as lojas e cafés estão fechados, com anúncios à porta dando conta que, entre outubro e maio, apenas abrem às sextas, sábados, domingos e feriados, altura em que os visitantes aparecem.
Fora isso, o silêncio reina na vila, apenas quebrado pelas águas do Zêzere a baterem suavemente nos cascos do barcos ancorados no cais, o piar dos pássaros e o som das abelhas, que por esta altura começam a dar sinal de uma primavera que se aproxima.

A Igreja e a Torre de Dornes
Conhecer Dornes pode levar 30 minutos ou uma hora, tudo depende se quer demorar-se junto às margens do rio, apreciando as suas curvas, ou percorrendo as pequenas ruas, reparando em todos os detalhes, como a pequena fonte, datada de 1989, com a imagem de Nossa Senhora do Pranto de Dornes.
Aliás, não são poucas as referências à santa padroeira da vila, sobre a qual se conta uma lenda que remonta à altura da Rainha Santa Isabel.
No núcleo da vila destaca-se a Igreja Matriz de Dornes, com origem no século XIII, cuja escadaria também apresenta um painel de azulejo azul alusivo a Nossa Senhora do Pranto. Destaque ainda para o brasão de D. Gonçalo de Sousa e a inscrição que remete para 1453.

Ao lado, outra recordação de outros tempos da história portuguesa. A torre em forma pentagonal é uma das principais imagens da vila. Terá sido construída pelos Templários, como posto de vigia e defesa do Zêzere, ainda durante a Reconquista Cristã, juntando-se assim a outras estruturas militares defensivas do género, como o Castelo de Almourol.
Hoje, já não existe necessidade de defesa do Zêzere. Pelo contrário, o rio está de águas abertas para quem o quer conhecer. Seja debruçado no varandim em frente à Torre de Dornes, seja através de uma viagem de barco com início no cais mesmo abaixo.